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DESVER

FESTIVAL DE CINEMA 

UNIVERSITÁRIO

DE MATO GROSSO DO SUL

Foto do escritorEsdras Dürks

O FEMINISMO E A VIDA LONGE DOS HOMENS

O filme Meu Arado Feminino mostra a realidade de mulheres que trabalham com o agronegócio, umas independentes, outras com a família. O curta aborda uma realidade pouco conhecida de mulheres que têm seu próprio agronegócio, que trabalham independentemente de uma empresa ou chefe. O filme opta por usar entrevistas com essas mulheres para mostrar as diferentes visões delas sobre o que fazem, algumas encaram com uma luta, outras como um modo de sobreviver, apesar de em essência estarem no mesmo sistema de produção. E o curta aborda isso através de entrevistas, como a feita com a dupla de mulheres do MST que tem uma propriedade da qual se apropriaram e passaram a cultivar nela, elas veem isso como um símbolo de luta pelas mulheres e possuem representatividade no campo rural, que é predominantemente liderado por homens, mas, ambiguamente, sempre teve presença forte de mulheres. Já para a senhora que aparece no início, que tem sua pequena horta e trabalha sozinha em sua propriedade, para ela não se trata de mulheres tomarem a frente em uma luta no campo rural, mas algo pessoal, dela sobreviver e não depender da indústria, poder viver no canto dela e sem intervenção de ninguém.

Meu Arado Feminino resolve abordar essa diferença, mas não se esforça em enfatizá-las, as visões são claramente diferentes, porém o filme não mostra mais do que o óbvio entre elas, em nenhum momento essas mulheres se encontram e isso pode servir para intensificar a distância simbólica entre elas e mostrar que não há conflito entre os dois ideais feministas distintos, mas a obra não parece ter ciência de estar fazendo ou transmitindo isso.

O filme mostra como algumas pessoas do campo se dedicam para viver em um país que se sustenta pela agropecuária, mas que ainda assim é sofrido por pequenos produtores que tentam ter seu negócio mais independente. Uma família, por exemplo, que tenta não só plantar, mas fazer salgados para vender na região, excedendo o campo do agronegócio, e tentando atingir um setor “seguinte” e ganhar mais para sua subsistência.

Por outro lado, optar pelo método tradicional de documentário, possibilita enfatizar a mensagem que a produção se propõe a passar, sem ter experimentalismo ou subjetivismo, é mais “seguro” que o público entenda claramente o que está sendo mostrado e comunicado. Nesse caso, um discurso sobre poder ter seu negócio e empreender em uma área que normalmente é associada a homens, como também não precisar fazer disso uma luta, apenas viver e desfrutar dessa conquista que muitas outras mulheres sonhariam em ter.

O roteiro dá enfoque nas pessoas e nas histórias delas, não se preocupa muito em mostrar as suas plantações e a prosperidades, a tentativa aqui parece ser a de construir uma personalidade diferente em cada uma delas, pra contrastar bem os ideais e no final mostrar que apesar das diferenças, todas chegaram no mesmo final.

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